quarta-feira, 15 de abril de 2015

Resultados da oficina, produções textuais: artigo de opinião

Uma das atividades mais intensas que tivemos na oficina foi a proposta de escrita de um artigo de opinião acerca do caso "Charlie Hebdo". Após uma discussão no 3º encontro com os presentes acerca da proposta, também foi apresentado um modelo do gênero artigo de opinião. O primeiro passo foi a pesquisa de perspectivas sobre o assunto. Os oficinandos começaram a pesquisa no próprio Estação Juventude, inclusive fazendo uso dos computadores da lan house e acessando a internet. Em seguida, iniciaram a escrita de seus textos no próprio espaço e levaram para a casa para finalizar com calma. A partir dos outros encontros, os oficinandos foram entregando a primeira versão do texto. De pronto, houve uma primeira leitura e uma revisão textual do oficineiro. Assim que terminava a revisão, os textos foram devolvidos aos autores com algumas considerações acerca de pontos que deveriam ser revistos e reescritos. Sem muita pressão com o tempo, as reescritas foram entregues por alguns oficinandos até o último encontro.

Enfim, eis aqui três produções textuais que foram reescritas e cedidas para esta publicação como uma pequena demonstração dos resultados da oficina. Deve-se lembrar que todo texto merece lapidação e revisão constante, por isso, ainda há equívocos com relação à elementos textuais, pois não houve tempo para uma segunda e profunda revisão junto aos autores do texto, ainda no decorrer da oficina. Ao contrário do mito da perfeição, salienta-se, aqui, os avanços com relação à própria consciência do oficinando com o processo de escrita, que é lento, reflexivo e, também, doloroso. Em nenhum momento buscou-se fazer uma intervenção direta no texto dos oficinandos, mas, de outro modo, apenas foram identificados problemas e sugeridas possíveis soluções. Há de se ressaltar, ainda, que muito mais do que elementos linguísticos, houve uma exigência maior ao conteúdos dos textos e a relação produzida nos mesmos com as ideias e opiniões de cada autor.

"Talvez só venhamos a nos tornar verdadeiramente escritores a partir do momento em que sejamos menos tentados pela perfeição do que pela vontade de assumir, com plena consciência, nossas imperfeições. Elas, então, se transformam em fonte de inquietude e de riqueza - e não importa que daí venha a surgir uma obra pouco intensa, desde que ela seja singular."

Georges Picard (In: Todo mundo devia escrever: a escrita como disciplina de pensamento, 2008, p. 70-71)


PRODUÇÕES TEXTUAIS: ARTIGO DE OPINIÃO


Fanatismo versus ridicularização à religião

            Um assunto que se tornou polêmico no mundo inteiro tem levado grandes discussões sobre os atos cruéis praticados em um ataque à Revista Francesa Charlie Hebdo. Embora a revista tenha publicado exageros envolvendo a imagem do profeta Maomé, isso não justifica a extrema covardia e brutalidade praticada pelos islâmicos contra aos franceses.
            Desde o primeiro atentado à sede do jornal em 2011, a ação de violência contra a liberdade de imprensa na França, tornou-se algo ameaçador e incontrolável. Isso, devido o fanatismo, a principal causa da revolta contra a liberdade de expressão. Que atitudes deveriam ser tomadas diante dessa situação? Devemos aceitar a desvalorização da vida por conflitos religiosos e ignorar os fatos como naturalidade? Obviamente que, a revista tem se mostrado muito ousada à falta de ética contra a religião muçulmana ao publicar caricaturas satíricas do profeta. É evidente que, ela buscou de alguma maneira intimidar a atenção do povo islâmico com provocações envolvendo exageros fora do comum. Exageros esses, onde muitas vítimas perderam a vida, sabendo elas que, essas consequências surgiram a qualquer instante.
            Acredito que os limites de uma sociedade devem ser impostos de maneira que as pessoas respeitem os direitos de cada um. Se a revista estivesse respeitada a fé do povo muçulmano, talvez não teria acontecido tamanha barbaridade, mas, ainda assim, julgo e condeno os terroristas islâmicos. Eles defendem uma religião cheia de regras e dogmas. O que eu não compreendo é um povo que diz ser tão religioso, agirem com tamanha atrocidade, ao ponto de tirar a vida das pessoas.
            Certamente, também que não podemos aceitar os atos preconceituosos, zombaria e ridicularização às crenças religiosas. De certa forma, isso nos permitira sermos ignorantes e estarmos a favor do desrespeito a doutrina de outros povos. Porém, devemos promover á luta pelo direito a liberdade de expressão, dentro de seus limites, a luta pelo respeito entre os povos, a luta pelo direito de viver.

Dilma



O massacre no jornal Charlie Hebdo

            O jornal de humor francês Charlie Hebdo sempre retratou em suas charges situações políticas e religiosas com muito humor e ironia. Em 2006 o jornal publicou algumas charges do profeta Maomé no que causou revolta da comunidade muçulmana resultando numa onda de protestos desde então o jornal vem sofrendo represarias.
            Em 7 de janeiro – 2015 – o jornal sofreu outro atentado resultando na morte 12 pessoas e ferindo 5 gravemente, esse ataque foi perpetrado pelos irmãos Said e Charif Kauachi que logo após saíram gritando: “vingamos o profeta matamos Charlie Hebdo e fugiram.
            Centenas de pessoas e personalidades manifestaram seu repúdio aos ataques em 11 de janeiro cerca de 3 milhões de pessoas incluindo líderes mundiais fizeram uma grande manifestação de unidade nacional afinal esse atentado tentou calar a liberdade.

Eliane Brazil



Quanto custa o valor da vida?

            Charlie Hebdo é um jornal satírico que recorre a ilustrações, desenhos, e charges. Polêmico pelas suas publicações, e criticado pela forma que trata desses assuntos. Com essa fórmula de produzir notícias Hebdo foi ganhando cada, vez mais o ódio de pessoas que se sentem ofendido sobre o que era publicado, acontecendo assim uma série de atentados terroristas.
            Em sete de janeiro de 2015, Paris, o jornal foi alvo de um massacre, resultando em doze mortos e cinco feridos.
            Os autores desses atentados foram dois irmãos fundamentalistas religiosos islâmicos, uma religião marcada por diversas doutrinas. Já havia registro de vários atentados contra o jornal, protestos, processos impedindo que o jornal publicasse sobre o assunto. O ataque aconteceu em retaliação contra as charges que eram consideradas como ofensa pelos muçulmanos.
            Esse acontecimento gerou revoltas em todo o mundo, milhares de cidadãos foram às ruas para protestar e clamando por justiça, isso é um reflexo sobre as lutas contra terrorismo, torturas e democracia. Isso claramente é uma síntese de tudo que deveria ser combatido no mundo, exemplo de intolerância bárbara, um fanatismo religioso doentio. As nações deve se unir para criarem uma nova política pública que combata esse tipo de ignorância, que pensamentos diferentes seja respeitados, não necessariamente aceita-los.
            Que nas escolas alunos aprendem a respeitar as diversidades, que todos somos livres e cada um pode expor sua opinião, pois não somos obrigados a aceitar, mas somos obrigados a respeitar incondicionalmente o diferente. Medidas assim deveriam ter sido implantadas há muito tempo atrás para que hoje a sociedade, estivesse mais desenvolvida a conviver com o que não entende, e assim estimular a procura para conseguir entender.
            A humanidade precisa descobrir o valor da vida, pessoas estão sendo mortas todos os dias neste momento que o senhor(a) leitor(a) está lendo esse artigo, provavelmente duas ou mais pessoas estão sendo assassinadas. Estamos jogados em um labirinto, onde a saída insistir em não aparecer, pois não sabemos até onde irá seu direito de expressão, e ninguém sabe como conquista e liberdade.

Douglas

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Resultados, produções textuais dos oficinandos: poemas visuais

Um dos resultados, ou seja, uma das produções que tivemos ao longo do desenvolvimento da oficina foi o exercício da linguagem visual como expressão de pensamento e também de conceitos. Após uma leitura de poemas visuais de diversos artistas, a proposta foi para que os próprios participantes produzissem seus poemas visuais. Embora pareça pouco, esse tipo de texto exige grande esforço de concisão, além de domínio da coesão e da coerência, pois o texto visual precisa estar adequado à mensagem do escritor e, também, deve interagir bem com seus leitores.
Vejamos, novamente, alguns dos poemas visuais que foram exibidos antes da produção dos oficinandos:

 

 

 

 

 

 

 


Agora, vejamos a produção autoral de alguns dos participantes da oficina:

Poema visual de Arielle Gama

Poema visual de Douglas

Poema visual de Beatriz Dutra

Poema visual de Dilma

Poema visual de Eliane Brazil

Poema visual de Larissa Vieira

Abaixo, seguem alguns links de sites e blogs sobre POESIA VISUAL para quem se interessar mais pelo assunto:


Fechamos esta postagem com uma indicação de vídeo que exibe alguns poemas visuais de um dos maiores artistas do gênero, o espanhol Joan Brossa (1919-1998).




sexta-feira, 10 de abril de 2015

10º Encontro - Reflexões finais sobre as NTIC's e a oficina

No último encontro da nossa oficina de leitura e produção de textos, iniciamos a tarde com uma reflexão sobre alguns pontos negativos que usos dependentes ou indevidos das NTIC's provocam, prejudicando a leitura e a escrita efetivas. Diante de tanta amplificação de possibilidades de interação e de produção com várias linguagens no ambiente virtual, como vimos no encontro anterior, não podemos esquecer, também, de alguns riscos e prejuízos que as NTIC's produzem, caso o sujeito não reflita sobre o assunto. Veja nas charges, a seguir, diversos textos que provocam a reflexão acerca da ideia de "evolução" que está por trás de tanta tecnologia:





Numa discussão com a participação de todos os presentes, houve contribuições no sentido de críticas ao uso excessivo dos mecanismos tecnológicos e da dependência de aparatos midiáticos até para realizar tarefas simples do dia-a-dia. Também várias pessoas se identificaram com algumas das imagens e refletiram se vale a pena, por exemplo, conversar com pessoas da própria família e dentro de casa através de celulares e computadores, quando se pode conversar face a face. O que parece é que na contemporaneidade a nossa sociedade está mais interligada e menos tocada, como afirmaram alguns. Nesse sentido, questionou-se o conceito de "evolução" que sempre acompanha qualquer inovação tecnológica da informação e da comunicação. Será que há sempre e mesmo evolução?

Foi aberto um espaço, no fim, para os participantes que chegaram até o fim da oficina de 30h poderem manifestar as suas impressões, tecerem as suas críticas e sugerirem outros encontros, atividades e textos. Tudo isso acompanhado de biscoitos e refrigerantes num clima bacana de amizade que foi a marca registrada desse grupo maravilhoso durante os 10 encontros.







Ficamos por aqui com a revisão de todos os conteúdos trabalhados nesses 10 encontros da oficina. Nas próximas postagens, vejam alguns dos trabalhos de produção textual dos oficinandos que participaram, resultados finais de grande valor para todos os envolvidos!

quinta-feira, 9 de abril de 2015

9º Encontro: NTIC's (Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação): leitura e escrita (segunda parte)

Vamos relembrar o que discutimos sobre os impactos das NTIC's na leitura e na escrita neste momento. Antes, precisamos ter em mente que estamos falando das práticas sociais da leitura e da escrita, portanto, do letramento. Com a Revolução Tecnológica e, sobretudo, com a interação dos indivíduos no contexto virtual, agora, também, podemos falar sobre letramento digital, ou seja, a competência de utilizar as diversas linguagens através das mídias contemporâneas.

"O letramento digital possibilita velocidade no ato de captar, aprender e compartilhar conhecimento, ampliação do dimensionamento perceptual (verbo-visual-auditivo) dos dados apresentados no hipertexto, composição coletiva de hipertextos (co-autoria) + envolvimento + colaboração na construção de saberes." (VILLELA, 2009, p. 38)

Trocando em miúdos, isso quer dizer que com as NTIC's o nível de exigência dos sujeitos leitores e produtores de texto é amplificado por conta da multiplicidade de linguagens num mesmo texto. O letramento digital é a capacidade de ler e escrever com e em várias linguagens de forma simultânea.


É comum ao acessar uma página da internet, a exemplo de uma rádio on line como a da imagem acima, e fazer a leitura do som que está tocando, das imagens publicitárias que aparecem nos cantos da mesma página e, claro, fazer uma leitura verbal das palavras digitadas na mesma página. Todos esses textos se transformam num grande texto.

Outro exemplo de um tipo de texto que exige a capacidade de ler e compreender em diversas linguagens ao mesmo tempo e que tem sido bastante utilizado no contexto das NTIC's é o INFOGRÁFICO. São esses textos que transformam uma informação, a priori, verbal em linguagem visual, seja por meio de gráficos, tabelas, linhas do tempo, diagramas etc.



Diante de todos esses exemplos, vamos relembrar aquela ideia que discutimos no nosso penúltimo encontro sobre a capacidade de ativação que os textos na internet e em outras NTIC's provocam nos indivíduos. Um bom exemplo é a própria escolha das leituras, se compararmos com a televisão aberta. Enquanto podemos acessar a mesma notícia em diversos jornais eletrônicos e ler textos diversos de acordo com as nossas escolhas na internet, ficamos sentados, passivamente, na frente da televisão apenas recebendo as informações que os canais moldam e nos destinam.

Vejamos, novamente, alguns exemplos de possibilidades "ativas" de leitura e escrita na internet, a exemplo dos sites de pesquisa e bibliotecas virtuais, e dos espaços de escrita colaborativa e propositiva como o Wikipedia.




Esses exemplos nos mostram o quanto a leitura e a escrita podem ser práticas que estimulam a atividade dos sujeitos e a sua interação com as múltiplas linguagens.
Além disso, com tantos anos após a criação de um ambiente virtual, repleto de canais de comunicação e interação entre sujeitos, de canais de pesquisa e de busca e produção de conhecimento, podemos falar da emergência dos novos gêneros textuais criados a partir das NTIC's e, sobretudo, com a internet.



Com tantas novas formas de interação a partir das linguagens, com tanto gênero textual novo, também é evidente que se criaram novas variantes da própria linguagem verbal. O exemplo é o chamado INTERNETÊS, essa língua repleta de abreviações de palavras, alongamentos de vogais, onomatopeias etc., que acompanham o ritmo apressado das conversas on line e da linguagem econômica das redes sociais.


Bom, a reflexão sobre a linguagem, a leitura e a escrita não terminou. No último encontro, que relembraremos a seguir, vimos e refletimos, também, alguns pontos negativos relacionados às práticas da linguagem no ambiente virtual e totalmente dependentes das NTIC's. Mas, por enquanto, vamos fechar essa revisão com um trecho do texto de Néstor Garcia Canclini, estudioso de mídias e culturas latino-americanas, acerca das possibilidades que o novo contexto nos oferece no que tange à comunicação e à interação.

"Se trata, ya sabemos, de un proceso de recomposición de la cultura a escala mundial. Hace veinte años todavía podía imaginarse a la televisión como amenaza para la lectura (otros la temían como sustituto del cine o del teatro o de vida pública urbana). Ahora, la convergencia digital está instaurando una integración multimedia que permite ver y escuchar en el celular o la palm audio, imágenes, textos escritos y transmisión de datos. Ni los hábitos actuales de los lectores-espectadores-internautas, ni la fusión de empresas que antes producían por separado cada tipo de mensajes, permite ya concebir como silas separadas los textos, las imágenes y su digitalización." (CANCLINI, 2006, p. 4)


REFERÊNCIAS

CANCLINI, N. G. Leer já no es lo que era. In: Encuesta nacional de lectura. Informes y evaluaciones, Conaculta, México, 2006. Disponível em: <http://nestorgarciacanclini.net/index.php/industrias-y-politicas-culturales/85fragmento-qleer-ya-no-es-lo-que-eraq>; acesso em: 10/2014.

CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T. C. Português: linguagens: volume I. 6. ed. reform. São Paulo: Atual, 2008.

CRISPIM, J. TIC vs NTIC. In: Artigos – conceitos fundamentais. Jul/2013. Disponível em: <http://www.jose-crispim.pt/artigos/conceitos/conc_art/01_tic_ntic.html>; acesso em: 01/2015.
LÉVY, P. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. In: COSTA, C. I. da (Trad.). Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993.

MACHADO, I. A. Gêneros no contexto digital. In: LEÃO, L. (Org.). Interlab: labirintos do pensamento contemporâneo. São Paulo: Fapesp/Iluminuras, 2002.

MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital. Texto da conferência  pronunciada na 50ª Reunião do GEL – Grupo de Estudos Linguísticos do Estado de São Paulo, USP, São Paulo, 23-25 de maio de 2002.

ROJO, R.;  MOURA, E. Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola editorial, 2012.

SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.


VILLELA, A. M. N. Considerações sobre a escrita acadêmica para a web. In: SANTOS, L. & SIMÕES, D. (Org.). Ensino de Português e Novas Tecnologias. Coletânea de textos apresentados no I SIMELP. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2009, p. 28-43.

terça-feira, 7 de abril de 2015

9º Encontro: NTIC's (Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação): leitura e escrita (primeira parte)

No nosso penúltimo encontro da oficina, falamos sobre as práticas da leitura e da escrita no ambiente virtual e também com alguns elementos das NTIC's, que são todas as novas tecnologias da comunicação e da informação que surgiram em meados da década de 70 do século passado, no âmbito da Terceira Revolução Industrial ou Revolução Telemática ou Informacional.

Um texto que explica bem esse contexto das NTIC's pode ser encontrado em: http://www.jose-crispim.pt/artigos/conceitos/conc_art/01_tic_ntic.html

Contudo, antes de avançar um pouco mais, devemos sempre lembrar que o termo 'tecnologia' não é moderno ou contemporâneo, mas designa toda a ferramenta que provoca uma mudança, ou uma espécie de "avanço", nas práticas sociais, a exemplo da comunicação. Portanto, muito antes dos computadores e dos textos em PDF, tivemos o livro como uma das tecnologias mais revolucionárias no mundo da leitura e da escrita. Vejamos um vídeo que busca fazer um comparativo entre as práticas da leitura e as mudanças sofridas com as tecnologias.


Agora, situando mesmo no contexto da contemporaneidade, podemos falar que estamos cercados de NTIC's e que sua avalanche nos provoca maneiras um pouco diferenciadas de enxergarmos a linguagem do que aquela imagem costumeira com o velho papel, a caneta e o lápis. Sobretudo com relação à interação, podemos dizer que a todo o momento os meios tecnológicos nos permitem e nos induzem a ser mais ativos quando a questão é linguagem. Não estou dizendo sobre a qualidade das produções textuais, mas é inegável o fato de que, hoje, conversamos mais e produzimos em maior quantidade textos de usos sociais, do que quando não tínhamos mecanismos de interfaces que aproximam pessoas e lugares tão distantes como agora. Vejamos outro vídeo sobre a linguagem e a interação com as NTIC's:


Além disso, podemos dizer que com a internet essa interação passou a ser "síncrona", quer dizer, ela ficou, cada vez mais, simultânea, no mesmo tempo, o que exige do produtor de textos e do leitor maior atenção e agilidade nas respostas.
Segundo um estudioso da linguagem, Luís Antônio Marcuschi (2002, p. 7),

"É inegável que a tecnologia do computador, em especial com o surgimento da internet, criou uma imensa rede social (virtual) que liga os mais diversos indivíduos pelas mais diversificadas formas numa velocidade espantosa e na maioria dos casos numa relação síncrona. Isso dá uma nova noção de interação social."

E, claro, com essa interação mais urgente, impulsiona-se mais ainda um outro tipo de sociabilidade, a sociabilidade digital. Exemplos dessa participação mais ativa são as 'enquetes' de jornais eletrônicos, os 'bate-papos' do Messenger e os 'Fóruns de discussão' de temáticas específicas espalhados em sites e redes sociais da internet.


Outro elemento textual que exige maior interação por parte dos usuários da linguagem e, também, dos usuários das NTIC's é o famoso HIPERTEXTO. São esses textos contidos em um outro texto que podem ser acessados com um click no link que aparece quando se passa o cursor do mouse por cima dele. O link, na verdade, funciona como um portal onde a leitura se encaminha em um outro texto que faz parte ou explica o texto primeiro. Mas, o maior barato do hipertexto é que ele não tem uma ordem pré-definida, ou seja, não vem com uma regra para abri-lo e nem com uma ordem de qual deve ser aberto primeiro. Muitos exemplos de hipertextos já foram dados nesse blog, quando, por exemplo, se coloca o endereço eletrônico de algum texto ou de uma imagem ou até o vídeo do youtube que vocês visualizam nos textos postados aqui. Mas, para fixar a imagem clássica de hipertextos, vejamos um texto cheio deles:


Segundo o filósofo Pierre Lévy (1993, p. 33), os hipertextos são:

"um conjunto de nós ligados por conexões. Os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos, sequências sonoras, documentos complexos que podem eles mesmos ser hipertexto. Os itens de informação não são ligados linearmente, como em uma corda como nó, mas cada um deles, ou a maioria, estende suas conexões em estrela, de modo reticular. Navegar em um hipertexto significa, portanto, desenhar um percurso em uma rede que pode ser tão complicada quanto possível. Porque cada nó pode, por sua vez, conter uma rede inteira."

Daremos continuidade à exposição do conteúdo desse encontro em breve!

segunda-feira, 6 de abril de 2015

8º Encontro: Oficina de textos - concepção, planejamento e avaliação

Começamos esse encontro lendo letras de músicas e verificamos o quanto de conteúdo ideológico pode conter numa canção. Na ocasião, ouvimos e vimos clipes das músicas: "Go West", do grupo que fez sucesso na década de 80 do século passado, Pet Shop Boys; "Cálice", de Chico Buarque de Holanda; e "Homem na estrada", dos Mc's Racionais.




Letras:


Nessas canções, podemos perceber que as palavras manifestam uma interação com diversos grupos sociais, levando em consideração seu contexto sócio-histórico. Apenas de modo resumido, lembremos que em "Go West" há uma manifestação clara e irônica de fuga de um regime socialista, com imagens e símbolos da URSS, sempre apontando para o Oeste do mundo, ou seja, para a imagem de "liberdade" que os EUA representavam em plena Guerra Fria (bom, era a imagem que estavam vendendo nesta época). Na canção "Cálice", o conteúdo da letra é posto de forma ambígua e "cifrado" justamente para atravessar a censura da Ditadura Militar no Brasil. E em "Homem na estrada", os Racionais contam a história de um homem que é o símbolo de um sujeito da periferia de uma grande cidade brasileira, que vive na "correria" e que não pode parar, mesmo que tendo que fazer o jogo sujo que a desigualdade social lhe impôs. Bom, tudo isso de forma resumida. Mas estas letras são ótimos exemplos de músicas que possuem alguma mensagem e que vale a pena parar, ouvir e refletir.

Entrando no conteúdo de hoje!

Bom, até aqui vimos e discutimos concepções de linguagem, concepções de leitura e de escrita, gramáticas, gêneros e tipos textuais, elementos de cotextualidade e de contextualidade, a exemplo da coesão e da coerência. Todos esses elementos são básicos e necessários para o exercício da leitura e da produção de textos. Agora, relembremos um pouco o que discutimos sobre a ideia de trabalhar a produção textual como uma verdadeira oficina. Devemos lembrar, também, que estamos seguindo a concepção sociointeracionista da linguagem, aquela em que se prioriza o diálogo e a interação entre sujeitos na comunicação verbal. Por isso, a oficina trabalha a produção textual dando ênfase ao seu 'processo' e nos passos que antecedem, que acompanham o ato de escrita e, também, aqueles posteriores à escrita do texto - a sua reescrita.
Vejamos um exemplo de leitura em que identificamos as ideias do escritor antes mesmo da escrita, ou seja, da materialização do texto:


Nesta charge, percebemos que a interação foi priorizada o tempo todo.

  • O autor pressupôs que os leitores sabiam a 'ironia' é um componente relevante do gênero discursivo 'charge';
  • Pensou no 'conhecimento de mundo' do leitor acerca da imagem do Cristo Redentor na cidade do 'Rio de Janeiro' e que se trata de um cartão postal. Também pensou que esse mesmo leitor sabe da má fama da cidade do Rio quanto a seus altos índices de 'violência' e 'criminalidade';
  • Também imaginou que pudesse criar um efeito de sentido interessante ao fazer o 'intertexto' com uma famosa música de Chico Buarque de Holanda ('Cálice');
  • Além de tudo, a 'situação comunicativa' do autor e dos leitores é propícia para o efeito de sentido no texto - a 'Páscoa'.
Aqui, vimos que o processo de textualização começou antes da escrita ou da confecção da charge. Assim é quando iniciamos a produção: há o momento de pensar no que escrever, para quem escrever, com que elementos, em que gênero e tipo textual. Durante o texto, também se pensa no que está escrevendo e produz-se revisões constantemente. E na fase final do processo, busca-se fazer uma releitura e pensar no que foi escrito: esse texto alcançou o objetivo? está prolixo? tem coisas que deveria acrescentar? existem coisas que poderiam ser cortadas? Após esse momento, o leitor fará a leitura e a interação estará complementada.
Vejamos, novamente, o quadro de fases e tarefas que estão contidas na ideia de 'oficina de textos', da pesquisadora Irandé Antunes.


Esses itens nos ajudam a pensar a produção textual de uma forma diferente daquela mecanização envolvida na ideia de 'redação'. O texto não é um objeto acabado, ele sempre pode ser revisto e reconstruído. Além disso, a própria revisão e correção de um texto deve levar em consideração todas as fases da oficina, sempre com o intuito de fazer uma orientação pelos melhores caminhos a fim de evitar equívocos futuros. Portanto, até a correção é apenas uma indicação de possibilidades para o produtor, nunca uma interrupção e uma interdição do que não "se pode escrever".
Abaixo, segue um quadro de itens que podem servir de orientação para a correção e revisão. Lembrando que o próprio escritor pode e deve ser o primeiro revisor de seu texto!


Um bom texto se faz com calma, ideias, relações coesas e coerentes e muita, mas muita revisão mesmo!


Referências:

ANTUNES, I. C. Aula de Português: encontro & interação. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.


BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico da linguagem. In: LAHUD, Michel et all (Trad.). 12. ed. São Paulo: Hucitec, 2006.

MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.



quinta-feira, 2 de abril de 2015

7º Encontro: Gêneros (resumo, resenha, artigo) e tipos textuais (argumentativo, narrativo, descritivo)

De que forma escrevemos? De que maneira o autor interage com seu leitor a partir do texto? Bom, já vimos nas discussões que não se escreve sem uma finalidade, sem um leitor prévio e sem conhecimento mais profundo sobre o assunto. Mas, existem outros elementos que ajudam o autor a esquematizar as suas ideias e a construir um texto coeso e coerente. Esses elementos são os gêneros e tipos textuais. Eles são os modos de organização textual; as formas que orientam a produção e a leitura dos textos.


RESUMO:

Pode-se dizer que se trata de um texto que aponta as ideias principais de um outro texto qualquer. Busca-se uma escrita objetiva do que é considerado principal no texto que se fez a leitura. Não há posicionamento do autor.


RESENHA:

Trata-se de um texto que corresponde ao posicionamento do autor sobre a leitura de outro texto ou de uma temática qualquer. Contem um resumo das ideias principais do texto junto com um olhar crítico ou opinativo do leitor/autor da resenha. É menos objetivo.


ARTIGO:

Um texto que busca trabalhar e sistematizar um estudo crítico sobre outros textos ou temas específicos. Utiliza-se de linguagem mais objetiva e interage com outros autores, inclusive por meio de citações.


Devemos lembrar, também, que os gêneros não são homogêneos, quer dizer, eles não são fixos, podem sofrer modificações de acordo com o tempo, com o grupo cultural e com a escrita do autor.

Vejamos os principais tipos:






A mesma coisa acontece com os tipos. Podemos ter no mesmo gênero textual a mescla de alguns tipos textuais. No mesmo artigo eu posso argumentar e descrever. Na resenha eu posso narrar e argumentar. Enfim, não há uma regra universal que impeça os hibridismos.


Exercício de leitura

Resenha do crítico de cinema, Marcelo Hessel, sobre o filme Tropa de Elite (1997), de José Padilha




Referências