terça-feira, 10 de março de 2015

2º Encontro - Concepções de escrita

Continuando nossa fixação de conceitos e concepções de leitura e de escrita que discutimos no segundo encontro, vamos relembrar alguns elementos que interferiram, e continuam interferindo, nas diversas concepções e práticas de escrita que foi possível termos ao longo do desenvolvimento das sociedades.

Antes, contudo, é bom fixar os dois elementos que foram preponderantes para o surgimento da escrita: a utilidade prática e o poder. Segundo Calvet (2011, p. 122),

"(1) Qualquer que seja seu lugar de nascimento, a escrita foi "inventada" por necessidades práticas (fazer contas, redigir contratos, leis) e não por necessidades literárias: numerosas sociedades tiveram durante muito tempo somente uma escrita limitada a esses domínios e uma literatura oral.
(2) Por conta dessa origem, mas também por conta da evolução das sociedades, a escrita foi inicialmente propriedade das classes sociais que estavam no poder."


Não devemos esquecer, também, que as mudanças de tecnologias e do suporte de escrita, ou seja, da pedra para o papiro, do livro para o computador, celulares, tablet's etc, modificam e muito a relação do sujeito produtor de textos com os sentidos do que escreve. Envolve mais do que a mudança de objetos físicos, mas toda uma mentalidade de como se dá o ato de escrever.


Novamente, assim como foram com as concepções de leitura e de linguagem, a prática de escrita, também, pode ser compreendida sob três concepções básicas. Vejamos:

1ª Concepção de escrita (reflexo): impressão mecânica do pensamento subjetivo; instrumento que expressa o que se passa na mente dos indivíduos.

2ª Concepção de escrita (codificação): ato de codificação de elementos linguísticos com sons e grafias para transmissão de mensagens abstratas.

3ª Concepção de escrita (produção de sentidos/enunciação): produção de textos interativos com outros sujeitos por meio de uma linguagem em comum; não é expressão do pensamento e nem comunicação abstrata, mas prática de interação verbal.

Com a terceira concepção de escrita, o texto é produzido com uma finalidade e um interlocutor (um leitor) prévios, além de uma situação concreta. No exemplo da linguagem publicitária, os leitores serão, na maioria, consumidores, por isso, a finalidade é convencê-los à comprar seus produtos. Em boa parte, esse tipo de texto chega a ser apelativo, como se puxasse o leitor para uma conversa íntima e dissesse: "você precisa disso, tem que comprar!"
Eis alguns exemplos. Muitos inclusive utilizando-se bastante do humor e da ironia.






Por isso, devemos ler e escrever tentando ser menos ingênuos, cada vez mais!

* As referências são as mesmas da postagem anterior sobre o 2º Encontro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário