Assim como foi a nossa discussão em torno da linguagem e de suas 3 concepções básicas (como expressão do pensamento; como instrumento de comunicação estruturalista e como interação sociodiscursiva), também discutimos, ontem (dia 05/03), sobre os diversos tipos e concepções de leitura e de escrita. Nem sempre ler e escrever foram vistos e praticados da mesma maneira nas diversas sociedades e nas mais variadas situações. Portanto, com a finalidade de fixar um pouco essas concepções, vamos relembrar:
Tipos e formas de práticas de leitura:
Leitura oral - de memorização (comum nas sociedades da Antiguidade, de parte da Idade Média e nas ágrafas (que ainda existem algumas atualmente))
Leitura passiva de acompanhamento (encontro com a "verdade" universal - sagrada) - (comum nos monastérios medievais, pressupõe a hierarquia leitor autorizado > leitores que passam os olhos e memorizam)
Leitura de reflexo (encontro com a "verdade" subjetiva (local)) - (época do individualismo burguês e do realismo nas representações)
Leitura de entretenimento (de imaginação) - (encontro com as "mentiras" universais e locais; considerada por muitos não utilitária, leitura que não adquire conhecimento, mas será que é isso mesmo?)
Leitura de conhecimento (reflexão) - (leitura desconfiada, que se exige mais do que o que se encontra no texto)
Se basearmos a leitura nas 3 concepções básicas de linguagem teremos:
1 - Leitura de reflexo (passiva) - busca da intenção do autor; ignora a bagagem cultural do leitor e os elementos sócio-históricos envolvidos no ato de produção do texto e no próprio ato de leitura.
2 - Leitura de decodificação - também passiva; necessita domínio das regras e funções dos elementos linguísticos para a decodificação da mensagem no ato de comunicação.
3 - Leitura de produção de sentidos (dialógica) - ativa e interativa; envolve um diálogo do leitor com o autor através do texto, que produz sentidos; aqui importa o autor, o texto, o fora-do-texto e a própria leitura.
“A leitura vai, portanto, além do texto (seja ele qual for) e começa antes do contato com ele. O leitor assume um papel atuante, deixa de ser mero decodificador ou receptor passivo. E o contexto geral em que ele atua, as pessoas com quem convive passam a ter influência apreciável em seu desempenho na leitura. Isso porque o dar sentido a um texto implica sempre levar em conta a situação desse texto e de seu leitor. E a noção de texto aqui também é ampliada, não mais fica restrita ao que está escrito, mas abre-se para englobar diferentes linguagens.” (MARTINS, 1994, p. 32-33; grifo da autora);
Na próxima postagem, relembraremos um pouco das concepções de escrita!
REFERÊNCIAS:
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2.ed. São Paulo: Estação Liberdade, 2001. p.107-116.
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uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º graus. São Paulo: Cortez,
1996.
Imagens
de leitura e de escrita: www.google.com.br.
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